A saúde mental dos colaboradores está ganhando protagonismo no Brasil. A partir de maio de 2025, a atualização da Norma Regulamentadora Nº 1 (NR-01), que trata do gerenciamento de riscos das organizações, exigirá que as empresas desenvolvam planos voltados à saúde mental no ambiente de trabalho. Essa transformação legislativa é um marco que pode mudar profundamente a cultura organizacional no País.
A questão da saúde mental no Brasil, sobretudo no ambiente de trabalho, é um tema que merece não apenas atenção, mas, principalmente, ação. Segundo a pesquisa “Inteligência Emocional e Saúde Mental no Ambiente de Trabalho”, desenvolvida pela The School of Life em parceria com a Robert Half, cerca de 20% dos colaboradores brasileiros fazem uso de medicações “farmopsicológicas”. Além disso, os índices de afastamentos por burnout cresceram quase 1000% na última década, conforme dados do INSS. Esses números destacam a urgência de ações efetivas para reverter esse cenário.
Em um contexto de alta pressão e demandas crescentes, como no setor de Tecnologia da Informação (TI), os problemas se agravam. Profissionais enfrentam prazos apertados, falta de desconexão entre vida pessoal e profissional e exigência constante de inovação, levando a burnout, ansiedade e depressão. Embora algumas empresas já invistam em programas de bem-estar, muitas ainda enxergam a saúde mental como custo, e não como investimento estratégico.
A legislação em foco
A atualização da NR-01 e a recente Lei 14.831/24, que cria o “Certificado de Empresa Promotora de Saúde Mental”, reforçam a importância da saúde mental no ambiente de trabalho. As medidas visam tanto garantir o bem-estar dos colaboradores quanto oferecer às empresas um diferencial competitivo no mercado.
Com a proximidade da vigência dessas normas, é fundamental que as organizações passem a priorizar o tema, vendo-o como uma oportunidade para fortalecer suas reputações e atrair novos talentos. Por exemplo, o selo de Empresa Promotora de Saúde Mental pode se tornar um importante atrativo para profissionais em busca de ambientes de trabalho saudáveis e sustentáveis.
Benefícios para as empresas
Investir em saúde mental vai além da conformidade legal. Estudos mostram que empresas que promovem o bem-estar dos colaboradores reduzem significativamente os custos relacionados a afastamentos e aumentam o engajamento e a produtividade das equipes. Em setores como o de TI, no qual a escassez de profissionais qualificados é um desafio, criar ambientes saudáveis pode ser a chave para reter talentos e reduzir o turnover.
Na Nearsure utilizamos indicadores como o Employee Net Promoter Score (eNPS) e o Employee Satisfaction Score (eSAT) para medir o engajamento e a satisfação dos colaboradores. Em 2024, alcançamos um eNPS de 58 e um eSAT de 75, enquanto que no Brasil o resultado foi acima da média, com os mesmos indicadores em 86 e 91, respectivamente, conquista que reflete nosso compromisso com o bem-estar dos funcionários.
Além disso, acompanhamos fatores como propósito, clareza, conexão, empoderamento, crescimento e bem-estar. Como resultado, 96% dos colaboradores destacaram o bem-estar como um diferencial no ambiente de trabalho. Esses dados mostram que iniciativas bem estruturadas melhoram a satisfação e promovem uma cultura organizacional positiva.
Como criar ambientes de trabalho mais saudáveis
Empresas que desejam sair do discurso e adotar práticas eficazes de saúde mental precisam tratar a causa como um pilar estratégico para a sustentabilidade das operações. Para transformar o ambiente corporativo, é preciso investir em ações preventivas e de apoio. Programas de desenvolvimento pessoal, treinamentos e ações de conscientização voltadas para gestores, por exemplo, são fundamentais para promover o bem-estar e mitigar os impactos de condições de trabalho adversas.
Com a vigência da NR-01 e a regulamentação da Lei 14.831/24, as companhias têm a chance de liderar uma mudança significativa, garantindo ambientes de trabalho mais saudáveis, produtivos e sustentáveis. O setor de TI, em particular, pode ser um exemplo, ao mostrar que cuidar da saúde mental é uma questão tanto de responsabilidade social quanto de inteligência empresarial. As organizações que abraçarem esse compromisso estarão cumprindo a legislação e se posicionando como líderes em um mercado cada vez mais consciente e competitivo. A oportunidade está à mesa; resta saber quem estará disposto a liderar essa revolução.
*Marcela Rodriguez é Chief People Experience Officer da Nearsure.
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ANA PAULA SARTORI
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