Quando os jesuítas subiram a Serra do Mar e chegaram ao Planalto de Piratininga, se extasiaram com vários grandes rios e milhares de menores cursos d’água. Era um verdadeiro Paraíso.
Isso foi em 1554. O que ocorre hoje, em 2024?
Os grandes rios foram sacrificados. Com o intuito de “retificar” o sinuoso Tietê, nós o transformamos em canal coletor e transportador de resíduos sólidos, substâncias químicas, esgoto in natura e todo tipo de imundície descartada no seu percurso pela capital.
Os córregos, riachos e outros cursos d’água foram soterrados para que edificássemos uma cidade para o automóvel. E a cidade foi impermeabilizada, o que é um risco grande para todos: a água não tem onde se infiltrar, forma correntezas, enxurradas, inundações e alagamentos.
Tudo isso está sendo corrigido mediante vultosos investimentos em macrodrenagem, edificação de muros de arrimo e de contenção, limpeza de córrego, jardins de chuva, pequenas florestas urbanas, replantio de milhares de árvores.
Mas todos precisam ajudar. Manter os córregos limpos. Não descartar nada que possa chegar ao Tietê e Pinheiros, os dois grandes rios que restaram e que precisam se manter vivos e serem requalificados.
As duas grandes represas abastecidas com nascentes paulistanas também merecem carinho e respeito. Não são depósitos de lixo, mas um santuário de águas que nos matam a sede, permitem que cozinhemos, nos higienizemos e nos mantenhamos vivos.
É nossa responsabilidade cidadã: salvar nossas águas. Todos podemos colaborar com isso. Ou continuaremos a ser parte importante no problema da escassez hídrica?
*José Renato Nalini é Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.
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LUCIANA FELDMAN
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