A intensificação das queimadas no Brasil coloca em risco tanto o meio ambiente quanto a saúde pública. A cada incêndio, um pedaço da nossa biodiversidade é destruído. O painel de queimadas do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) revela que os focos de queimadas em agosto foram: 25.647 no Norte, 15.948 no Centro-Oeste, 5.996 no Sudeste, 4.366 no Nordeste e 2.019 no Sul. E, esses dados se aproximam das máximas históricas registradas para o mês de agosto em 2003 e 2010. O cenário deve se agravar caso a combinação de baixa umidade e altas temperaturas se mantenha.
As condições climáticas atuais, marcadas por longos períodos de seca e umidade relativa do ar entre 12% e 20%, criam um ambiente propício para o surgimento e a propagação de incêndios florestais. Essas queimadas não apenas destroem vastas áreas de vegetação, mas também geram uma quantidade significativa de fumaça, que se espalha pelas cidades e afeta a qualidade do ar.
A saúde da população também está em jogo. O material particulado (PM 2,5) liberado pela fumaça das queimadas pode penetrar nos pulmões e até entrar na corrente sanguínea, causando uma série de problemas de saúde. Os impactos vão desde irritações leves nos olhos e garganta, até doenças respiratórias graves e complicações cardiovasculares. Além disso, a exposição prolongada à fumaça pode reduzir a expectativa de vida e aumentar a mortalidade por doenças respiratórias e cardiovasculares especialmente em pessoas mais vulneráveis, como idosos e crianças. Por esse motivo, especialistas em saúde indicam o uso de máscaras pelos cidadãos das cidades que estão sendo acometidas pela fumaça das queimadas.
Diante dessa situação, uma questão se impõe: ainda há tempo para reverter esse quadro? A resposta é complexa e a solução exige ações rápidas e coordenadas. Medidas emergenciais, como a intensificação do combate aos focos de incêndio e a criação de faixas de segurança (aceiros) ao redor de áreas de risco, são essenciais para conter o avanço das queimadas. Além disso, é fundamental que a população seja conscientizada sobre os perigos de provocar incêndios, seja de forma intencional ou acidental.
No entanto, essas ações talvez não sejam suficientes para resolver o problema a longo prazo. As queimadas no Brasil estão profundamente enraizadas em práticas agrícolas inadequadas, como o uso do fogo para limpar pastagens, e no desmatamento, que fragiliza os ecossistemas e os torna mais suscetíveis a incêndios. Portanto, é necessário um esforço coletivo por parte das autoridades para reforçar a fiscalização contra o desmatamento ilegal e principalmente por parte dos produtores rurais para promover práticas agrícolas mais sustentáveis e que evitem o uso do fogo.
Além disso, as queimadas no Brasil estão diretamente ligadas às mudanças climáticas globais, que têm tornado os períodos de seca mais intensos e prolongados. Por isso, o país precisa adotar políticas mais ambiciosas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e se comprometer com os acordos internacionais de combate ao aquecimento global.
Diante dessa calamidade, precisamos de uma resposta coletiva que envolva o governo, o setor privado e a sociedade civil para implementar políticas que protejam nossos ecossistemas e a saúde da população. As queimadas são um sintoma de um problema maior que só poderá ser resolvido com uma abordagem sistêmica e sustentável, que preserve tanto o meio ambiente quanto a qualidade de vida da população. Precisamos evitar que o fogo consuma o futuro das próximas gerações.
*Larissa Warnavin é geógrafa, pedagoga, mestre e doutora em geografia. É docente da Área de Geociências do Centro Universitário Internacional Uninter.
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VALQUIRIA CRISTINA DA SILVA
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