2023 já é considerado o ano mais quente dos 174 anos de medições meteorológicas, superando o ano de 2016, com 1,29°C acima da média e o de 2020, com 1,27°C acima da média. De acordo com o Climate Central, em 2023, no Brasil, a temperatura média nacional aumentou 0,71°C. A versão preliminar do Estado do Clima Global de 2023, mostra que a temperatura média da superfície global ficou 1,4°C superior à média histórica dos anos de 1850 até 1900.
Um dos fatores a ser considerado é que a poluição por carbono gerou um calor anormal experimentado por 59% da humanidade entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2024, sendo que aproximadamente 80% da população mundial vivenciou pelo menos um dia com temperaturas acima do normal para essa época, segundo o Relatório de Atribuição Sazonal da Climate Central. As ações humanas como a queima de carvão, petróleo e gás natural contribuíram também com o aumento da temperatura.
Outro fator que contribui muito no aumento da temperatura nas regiões é o desmatamento desenfreado no país que, além de influenciar o clima, desequilibra a probabilidade de chuvas e aumenta o risco de incêndios em matas. A mudança de maior impacto ocorre na alteração nos padrões de chuvas sendo que nas regiões que sofrem com enchentes e deslizamentos, as chuvas se tornam mais intensas e mais frequentes, enquanto, nas regiões mais castigadas, como no Nordeste, observamos uma grande redução da quantidade de chuvas e as secas, que já são comuns, cada vez que são mais frequentes.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o impacto dos problemas climáticos ocorridos ao longo de 2023, já são perceptíveis com a redução de 3,8% nas estimativas para a safra agrícola de 2024.
Com isso, fica claro que, as mudanças climáticas afetam, diretamente, a produção de alimentos como trigo, café, arroz, tomates, cacau, batatas, milho, pêssegos, uvas, azeitonas, entre outros grãos. E, a intensidade de chuvas em excesso interfere na produção de hortaliças e verduras, já o calor extremo altera a qualidade de frutas e verduras, além do atraso na plantação de alguns grãos.
É importante destacar que o excessivo volume de chuvas provoca a lixiviação dos solos, que é um processo de retirada nos nutrientes do solo pela ação da água. Isso impede que nutrientes importantes cheguem até as raízes das plantas. O fenômeno contrário, com temperatura muito elevada, faz com que os estômatos (poros das folhas) se fechem para que haja uma economia de água ou até a desidratação da planta. O fechamento dos estômatos provoca a diminuição de trocas gasosas e as folhas são impedidas de receber o gás carbônico, diminuindo o ganho de energia necessária para o crescimento e a produtividade da planta. O fechamento dos estômatos também limita a perda de vapor de água, e consequentemente, esse fator provoca o aquecimento das folhas.
O fenômeno natural, mas com possível contribuição humana, as mudanças climáticas, afetam em parte processos importantes que tem início desde a produção até o consumo final dos produtos que chegam a todos nós consumidores. A cadeia produtiva é afetada nas suas operações integradas que vão desde a extração e manuseio da matéria-prima até a distribuição do produto que se originam dela.
Diante desse cenário, fica evidente que as mudanças climáticas afetam a agricultura familiar e as grandes produções agrícolas, ocasionando aumento no preço dos alimentos decorrentes de elevados gastos na produção e a manutenção da matéria-prima, em primeira ordem, gerando, assim, impactos relevantes direto a sociedade, a economia e o consumidor.
*Profa. Dra. Vera Lucia Pereira dos Santos, é Doutora em Medicina Interna pela UFPR e professora da Área de Geociências da Escola de Educação, Humanidades e Línguas do Centro Universitário Internacional Uninter
*Profa. Dra. Renata Adriana Garbossa Silva, é Doutora em Geografia pela UFPR e professora da Área de Geociências da Escola de Educação, Humanidades e Línguas do Centro Universitário Internacional Uninter
*Profa. Dra. Cristiane Dall Agnol da Silva Benvenutti, é Doutora em Educação, Cognição, Aprendizagem e Desenvolvimento Humano pela UFPR e professora da Área de Geociências da Escola de Educação, Humanidades e Línguas do Centro Universitário Internacional Uninter
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JULIA CRISTINA ALVES ESTEVAM
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