A premiada artista e escritora Marilda Castanho apresenta sua mais recente obra, Entre tantos, uma jornada narrativa e visual que explora a alteridade, a transformação e o encantamento. Com um toque poético e filosófico, o livro, lançamento da Maralto Edições, convida os leitores a adentrar um universo onde a vida é celebrada em sua constante mutação e disfarce, conectando seres e espécies de forma única.
Na obra, Marilda Castanha desdobra histórias que fluem entre o verbal e o visual, tecendo um jogo de perspectivas que se alterna a cada virada de página. A mágica do livro reside no hiato do “entremeio” e do “porém”, onde formas e significados se metamorfoseiam. Inspirada pelas muitas faces da natureza – bichos, plantas, nuvens e oceanos –, a autora explora os enigmas da existência em um trânsito contínuo entre revelar e ocultar, ser e não ser.
“As narrativas visual e verbal de Entre tantos estão se complementando ou mesmo falando juntas”, explica a autora. “Não quis ser didática, nem entregar, de imediato, a brincadeira. Em algumas duplas fui pelo caminho do humor. Para o mundo dos adultos, lidar com pontos de vista diferentes nem sempre é uma coisa fácil. Nesse contexto, acho que posso até afirmar que o Entre tantos, com todas essas transformações e mudanças de uma página para outra, está abordando – também – essa relação de pontos de vista diferentes.”
A narrativa visual do livro é uma aula de experimentação artística. Marilda utilizou técnicas mistas para criar as ilustrações: raspagem de tinta acrílica sobre pastel a óleo para as artes coloridas e uma variedade de materiais, como lápis de cor preto, grafite, canetas e lápis dermatográfico, para os desenhos em preto e branco. A construção de formas que se transformam a cada página é fruto de dezenas de estudos envolvendo recortes e o uso de papel transparente, compondo uma experiência visual que dialoga diretamente com a temática da obra.
“Gosto de experimentar técnicas, e de tempos em tempos eu mudo de técnica”, reflete Marilda. “No período de produção do livro, eu estava trabalhando com a técnica da raspagem de tinta acrílica (por cima do lápis pastel a óleo). E, de brincadeira mesmo, comecei a fazer, com linhas, pontos e cores, diferentes texturas que lembravam padronagens de estamparia. Gostei daquilo, e ficou guardado na gaveta por um tempo. Depois, com as janelas de formas diferentes (ou máscaras), que coloquei por cima daquelas texturas engavetadas, foi que eu percebi que ali havia uma multiplicidade incrível, e aquelas texturas (feitas de linha e pontos) podiam ser água, escama, folhas, pena, grama, etc. Entre tantos é uma junção dessas ideias. Há nele a camada das texturas, a camada do papel branco com linhas pretas e a camada do recorte.”
Na escrita, a autora brinca com uma estética instrucional, cheia de comandos – “procure”, “repare”, “desconfie” – que, mais do que orientar, desestabilizam e ampliam os sentidos. Essa brincadeira sonora é um convite para explorar as frestas da narrativa, onde a poesia se esconde como uma filosofia da existência, abrindo caminho para conexões entre mundos e espécies.
“Certa vez me perguntaram se eu me divertia fazendo livros. E nesse dia eu fiquei mesmo com dúvidas. E hoje vejo que não é uma regra geral. Tem projetos em que a gente se diverte, e tem outros que não, que são mais densos, reflexivos, pesados e até dolorosos. Isso não quer dizer que eu não gosto de fazê-los. Já o Entre tantos foi completamente diferente. Me diverti imensamente, do princípio ao fim, ao criá-lo. Adorei descobrir as formas, combinar as possibilidades. Por isso minha primeira expectativa é de que as crianças, ao explorar as páginas do Entre tantos, se divirtam. E os adultos também! Que juntos eles possam dar risadas, que tenham prazer em folheá-lo. E mais à frente – por que não? – possam também fazer esses “exercícios do olhar”, como o de criar suas próprias “janelas”, seus recortes. Desejo que ele seja uma experiência prazerosa, brincante e transformadora. Se isso acontecer, vou ficar extremamente feliz”, finaliza a autora.
Entre tantos é, acima de tudo, uma convocação ao encantamento e à reflexão. Nas palavras, nas texturas e nas formas, Marilda Castanha celebra a literatura como o ofício de tornar-se outro, oferecendo aos leitores não apenas uma história, mas um convite para desvendar universos dentro de universos, e se colocar em diálogo com as muitas camadas do mundo natural. A obra já está disponível para venda e faz parte do Programa de Formação Leitora Maralto, uma iniciativa voltada para escolas de todo o país.
Sobre a autora
MARILDA CASTANHA nasceu em Belo Horizonte e cresceu desenhando. Cursou Belas Artes na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde atualmente desenvolve pesquisa de mestrado sobre livros ilustrados. Em 1992, lançou seu primeiro livro ilustrado, Pula, gato!, que venceu o prêmio Encouragement do Concurso Noma, no Japão, e foi indicado pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) para a Lista de Honra do IBBY (International Board on Books for Young People). No Brasil, entre outros prêmios, recebeu, por duas vezes, o Jabuti de Ilustração, com os livros Pindorama: terra das palmeiras e Mil e uma estrelas. Em 2017, com o livro Sem fim, publicado pela Maralto, Marilda foi premiada na categoria Purple Island do prêmio Nami, na Coreia do Sul. Hoje vive e trabalha na sua “casa-ateliê”, em Santa Luzia, Minas Gerais.
Entre tantos
Autora: Marilda Castanho
Editora: Maralto Edições
Preço: R$ 79,90
Páginas: 64
Vendas: https://loja.maralto.com.br
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Iara Filardi
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