*Por Patrícia Sanchez
A diversidade geracional está, mais do que nunca, nos holofotes das organizações. E não é à toa, afinal, o mercado de trabalho está sendo convidado a lidar com visões diferentes de mundo ao mesmo tempo. E que bom que isso está acontecendo. Apesar de alguns líderes demonstrarem certa resistência, ou até mesmo dificuldade nas interfaces diárias, a diversidade geracional pode trazer inúmeros benefícios, contribuindo para um ambiente de trabalho mais inclusivo e promissor.
Mas esse cenário, é claro, ainda é muito desafiador. E isso se deve, principalmente, ao conflito de ideias e estilos de vida entre os profissionais. Nesse sentido, podemos trazer um recorte para a Geração Z, por exemplo, que está no centro dessas discussões, já que é considerada polêmica por muitos. Segundo pesquisa da plataforma Resume Genius, divulgada em maio deste ano, a Geração Z foi eleita como a mais desafiadora para se trabalhar por 45% dos entrevistados, liderando a lista.
No entanto, antes de julgar uma geração inteira, é necessário entender que esses jovens, que nasceram na Era Digital, têm prioridades diferentes de outras gerações. Cronicamente on-line, a Geração Z se preocupa em priorizar a saúde mental e o equilíbrio entre diferentes aspectos da vida. Levantamento realizado pelas empresas Caju e Consumoteca, divulgado em setembro deste ano, trouxe o dado de que 56% dos entrevistados da Geração Z preferem pedir demissão do trabalho se ele interferir na vida pessoal, por exemplo.
E se a Geração Z pensa em “trabalhar para viver”, outras gerações foram ensinadas a “viver para trabalhar”. É o caso, principalmente, dos Baby Boomers, nascidos no pós-guerra, em meados da década de 40. Basta olhar para o cenário mundial onde esses profissionais cresceram e se estabeleceram que fica fácil entender por que eles, que nasceram em um cenário instável, têm a estabilidade como prioridade. É muito comum vermos profissionais de mais de 60 anos que estão há 30 anos ou mais em uma empresa – algo que pode ser inimaginável para a Geração Z. Inclusive, o mercado mudou tanto que, se antes um currículo que mostrava que uma pessoa passou pouco tempo em um local de trabalho era malvisto, hoje já temos empresas, como startups, que veem esse comportamento com bons olhos, já que pode significar que aquele profissional busca conhecimento em diversos lugares. O convite não é rotular, mas sim, ampliar o olhar.
Ainda nesse cenário, temos a Geração X (nascidos entre a década de 60 e 80) e os Millennials (nascidos no final da década de 80 e no final dos anos 90), que também são profissionais ativos no mercado. O resultado, então, é que temos quatro gerações diferentes trabalhando ao mesmo tempo – Baby Boomers, X, Millennials e Z.
Sendo assim, as lideranças das organizações têm duas opções: nadar contra a corrente ou a favor dela. E quando eu digo nadar contra a corrente, me refiro a práticas como o etarismo –86% dos profissionais com mais de 61 anos, acreditam que as empresas os discriminam nas contratações, segundo a 3ª edição do Relatório Oldiversity, do Grupo Croma, de maio de 2023 – ou o constante rebaixamento dos mais novos, desvalorizando as opiniões desses jovens.
Mas quando uma empresa decide nadar a favor e implementa políticas e práticas que incentivam a inclusão de todos os profissionais, sem olhar para a idade, mas sim para o perfil de cada um, essa troca de ideias e vivências pode estimular a criatividade e a inovação nas organizações. Segundo pesquisa divulgada no final de 2023, feita pela Labora, em parceria com a consultoria Robert Half, 48% das empresas possuem programas relacionados à diversidade geracional.
Em uma instituição, o que deve se sobressair não é a idade do profissional, e sim, o perfil de cada um, respeitando as particularidades e enxergando como os grupos podem se complementar, ao invés de segregá-los. Alguém mais jovem pode ter muito a ensinar sobre novas ferramentas ou a identificar novas tendências, por exemplo. Enquanto alguém mais velho pode ter muita vivência no mercado e saber lidar com situações que talvez uma pessoa com menos experiência ainda não tenha passado. Seja qual for a situação, quando incentivamos essa troca entre pessoas, vendo cada uma delas além da data de nascimento e para as diferenças como algo positivo, todos saem ganhando, afinal, incentivar um ambiente com profissionais de diferentes gerações, também fará com que a empresa promova a inovação, o aprendizado contínuo com diferentes perspectivas, além de fortalecer as equipes e impulsionar a performance organizacional.
*Patrícia Sanchez é Head de Pessoas na Up.p.
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LUIZ FERNANDO VALLOTO
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