A sustentabilidade na arquitetura tem ganhado destaque nos últimos anos, especialmente com a crescente conscientização sobre as mudanças climáticas e a busca por construções mais eficientes. Dados da IEA (Agência Internacional de Energia, na sigla em inglês), mostram que o setor de construção civil é responsável por aproximadamente 39% das emissões de carbono no mundo, sendo que cerca de 28% dessas emissões são resultantes do uso energético das edificações. Por isso, adotar práticas sustentáveis na arquitetura e utilizar materiais ecológicos é uma forma de reduzir o impacto ambiental e promover uma vida mais saudável e econômica.
Uma das principais tendências em arquitetura sustentável é o uso de materiais com menor pegada de carbono, como madeiras de reflorestamento, bambu, tijolos ecológicos e concreto reciclado. “Esses materiais, além de serem renováveis ou recicláveis, muitas vezes possuem propriedades que favorecem o isolamento térmico e acústico das construções, contribuindo para a eficiência energética”, destacam Gustavo Cyrillo e Vanessa Anjos, professores do curso de arquitetura e urbanismo, do Centro Universitário Newton Paiva Wyden. O bambu, por exemplo, é um recurso que cresce rapidamente e tem uma resistência surpreendente, sendo utilizado em diversas partes do mundo como alternativa ao aço e ao concreto.
Outro exemplo são os tijolos ecológicos, que não precisam ser queimados no processo de fabricação, ao contrário dos tijolos tradicionais. Isso reduz a emissão de CO₂ e o consumo de energia. Além disso, muitos desses tijolos são feitos a partir de resíduos da construção civil ou de solos específicos, o que evita o uso excessivo de recursos naturais. O concreto reciclado, por sua vez, reutiliza detritos de construções anteriores, evitando o descarte inadequado e a extração desnecessária de novos materiais.
O uso de tecnologias para melhorar a eficiência energética das edificações é outro pilar da arquitetura sustentável. Painéis solares, sistemas de reaproveitamento de água da chuva e telhados verdes são exemplos de como a tecnologia pode ser aliada da sustentabilidade. Segundo um estudo da IEA, o uso de energia solar pode reduzir as emissões de CO2 no mundo em 6 bilhões de toneladas até 2050. Além disso, a implementação de telhados verdes ajuda a regular a temperatura interna das construções, reduzindo a necessidade de ar-condicionado e aquecimento.
A escolha dos materiais é crucial, mas a forma como esses materiais são utilizados também importa. Arquitetos que seguem práticas sustentáveis o design bioclimático, que adapta o projeto às condições climáticas locais para reduzir o uso de energia. Isso inclui posicionar as janelas para maximizar a entrada de luz natural, utilizar paredes que promovam a ventilação cruzada e rojetar telhados inclinados que favoreçam a captação eficiente de água da chuva. “Essas técnicas ajudam a diminuir a necessidade de energia elétrica e recursos hídricos, tornando a construção mais sustentável a longo prazo”, afirmam os especialistas.
Além disso, a sustentabilidade na arquitetura não se limita apenas ao uso de materiais ecológicos, mas também considera o ciclo de vida das construções. O conceito de “arquitetura circular” envolve projetar edifícios que possam ser desmontados e reutilizados ao fim de sua vida útil, minimizando a geração de resíduos e promovendo o reaproveitamento de componentes. Estima-se que, globalmente, cerca de 40% dos resíduos sólidos urbanos são provenientes de demolições, por isso, o reúso de materiais é uma forma eficaz de reduzir esse número.
Para aqueles que buscam adotar a sustentabilidade na construção de suas casas ou escritórios, é importante começar pela escolha de arquitetos e construtoras especializadas em práticas ecológicas. Além disso, optar por certificações como LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) ou AQUA (Alta Qualidade Ambiental) pode garantir que o projeto siga padrões rigorosos de sustentabilidade. Essas certificações avaliam desde o uso de materiais até a eficiência energética e o conforto ambiental dos usuários.
A arquitetura sustentável não é apenas uma tendência, mas uma necessidade urgente para reduzir o impacto ambiental e promover a construção de ambientes mais saudáveis e eficientes. “Com a adoção de materiais ecológicos, tecnologias sustentáveis e designs bioclimáticos, é possível criar edificações que respeitem o meio ambiente e proporcionem economia a longo prazo”, finalizam os especialistas. O futuro da construção está diretamente ligado à capacidade de inovar e construir com responsabilidade e a sustentabilidade é o caminho mais promissor para isso.
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LIVIA BRANDAO DE CAMPOS
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