*Por Marcus Pedrosa
A integração da inteligência artificial nos mecanismos de busca na web está revolucionando a forma como consumimos informação na era digital. Os motores de buscas, que por décadas se limitaram a interpretar palavras-chave e indexar conteúdos de forma linear, hoje evoluíram para sistemas complexos que conseguem compreender a intenção do usuário e oferecer respostas altamente personalizadas e contextuais.
Tecnologias como o processamento de linguagem natural e o reconhecimento de padrões visuais tornaram possível que as máquinas “entendam” o que procuramos, mesmo quando nossas consultas são vagas ou mal estruturadas. Em vez de apenas listar páginas com palavras correspondentes, os sistemas de busca modernos utilizam algoritmos de aprendizado de máquina para prever nossas reais necessidades, baseando-se no contexto das buscas anteriores, localização e até no comportamento online. Essa evolução representa uma mudança de paradigma, colocando a IA como protagonista na experiência de busca.
Entretanto, esse avanço traz desafios significativos. A automação das respostas e a entrega de resumos diretos, características dos sistemas baseados em IA, estão transformando a maneira como navegamos na internet. Antes, um clique em um site era essencial para acessar as informações; hoje, uma pergunta feita a um motor de busca equipado com IA pode oferecer uma resposta precisa sem que o usuário saia da página.
Estudos do Gartner de 2024 indicam que o volume de buscas nos mecanismos tradicionais cairá 25% até 2026, à medida que o marketing de busca perde espaço para a crescente adoção de chatbots de IA. Esse cenário reflete uma mudança mais ampla no comportamento dos consumidores e nas estratégias de SEO, intensificada pela atualização do algoritmo Core Update de 2024 do Google. Essa atualização causou um impacto significativo, alterando profundamente a forma como os sites são classificados.
Como resultado, muitos sites sofreram quedas acentuadas no tráfego orgânico, enquanto pequenos editores independentes, que se dedicam a criar conteúdos de alto valor, viram um crescimento inesperado. Esse novo panorama exige que as estratégias de SEO evoluam. Se antes as palavras-chave e backlinks eram os principais fatores, agora é essencial que os conteúdos sejam otimizados para interagir com os algoritmos de IA, levando em consideração aspectos como a semântica da linguagem e a estrutura dos materiais. Para se manterem competitivas, empresas e criadores de conteúdo precisam se adaptar a essa nova realidade digital.
Outro ponto crucial é o impacto dessa evolução na experiência do usuário. Embora as respostas automatizadas economizem tempo e ofereçam conveniência, elas podem criar uma dependência excessiva dos algoritmos. Isso pode limitar a autonomia do usuário na busca por informações mais profundas ou alternativas, ao mesmo tempo em que consolida o poder dos grandes provedores de tecnologia.
O futuro das buscas online com IA nos desafia a repensar nossa relação com a informação. Enquanto consumidores, é essencial que busquemos um equilíbrio entre a conveniência oferecida por essas tecnologias e a profundidade que a exploração ativa da web pode proporcionar. Já para as empresas, a adaptação às novas dinâmicas é mais do que uma necessidade; é uma questão de sobrevivência em um mercado digital que evolui em ritmo acelerado.
As buscas com IA estão moldando a próxima geração da internet, e todos nós, como consumidores ou criadores de conteúdo, devemos estar preparados para navegar por essa transformação com estratégia, ética e inovação.
* Marcus Pedrosa é engenheiro especialista em cibersegurança na Adistec, distribuidora de TI especializada em soluções de infraestrutura para Data Centers e Segurança da Informação.
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