Em 2024, dois estudos destacaram Pernambuco como central na discussão sobre mudanças climáticas. Dados divulgados pelo Ministério da Casa Civil apontaram que o estado possui 1 milhão de pessoas vivendo em áreas de risco climático extremo, enquanto o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU classificou Recife como a capital brasileira mais vulnerável ao aumento do nível do mar. Para debater esses desafios, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (CAU-PE) promove, no próximo dia 6 de dezembro, o 1º Simpósio de Emergências Climáticas em Arquitetura e Urbanismo, no Novotel Marina, em Recife. O evento, que também celebra o Dia Nacional do Arquiteto, tem como tema central: “O papel ético dos profissionais de arquitetura e urbanismo frente à emergência climática das cidades brasileiras”.
“Diversos estudos já apontam que boa parte de Recife pode submergir até 2100 devido ao avanço do oceano”, alerta Roberto Salomão, presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (CAU-PE). “Essa é uma realidade que exige ação imediata e um compromisso ético dos profissionais de arquitetura e urbanismo para repensar nossas cidades e torná-las resilientes frente aos riscos climáticos.”
Recife, capital pernambucana, é a cidade com maior número de pessoas vivendo em situação de risco no estado: 206 mil habitantes, o equivalente a 13,8% da população. No âmbito global, a cidade ocupa a 16ª posição entre as mais vulneráveis ao aumento do nível do mar e lidera como a capital brasileira mais impactada pelo aquecimento global, segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU.
A responsabilidade ética na adaptação das cidades
A emergência climática vai além de desafios técnicos ou tecnológicos, demandando uma postura ética dos profissionais de arquitetura e urbanismo. “A responsabilidade social e ética desses profissionais na construção e reabilitação de espaços urbanos deve ser vista como uma oportunidade para promover transformação social, adotando posturas críticas, criativas e comprometidas com a cidadania”, destaca Salomão.
Dados do estudo indicam que o Brasil tem 1.942 municípios com áreas de risco de desastres ambientais, suscetíveis a deslizamentos, enxurradas e inundações. Esses eventos climáticos extremos afetam, de forma desproporcional, grupos sociais vulneráveis, como crianças, idosos, mulheres, pessoas com deficiência, LGBTQIA+, minorias étnicas e raciais, além de imigrantes.
“O planejamento urbano precisa incorporar soluções que respeitem a dignidade humana e reduzam desigualdades, priorizando ações que atendam as populações mais vulneráveis. Repensar nossas cidades é uma questão de urgência”, afirma Salomão.
Soluções para um futuro sustentável
O simpósio abordará estratégias para a adaptação climática, como o uso de soluções baseadas na natureza, a criação de infraestruturas urbanas sustentáveis, a redução de ilhas de calor e o fortalecimento de políticas de redistribuição de recursos urbanos.
Os debates contarão com a participação de especialistas renomados, abordando temas essenciais para a adaptação das cidades às mudanças climáticas. Gisela Santana (PE), doutora em Psicologia Social pela UERJ e especialista em restauração e reutilização em arquitetura, discutirá o conceito de cidades sustentáveis e as possibilidades práticas para sua implementação.
Simone Feigelson Deutsch (RJ), mestre e doutora em Engenharia Civil e pós-doutora em Turismo e Cidades pela UFF, trará uma análise aprofundada sobre os desafios enfrentados pelos planos diretores municipais brasileiros.
Com uma perspectiva paisagística, Ana Rita Sá Carneiro, professora titular do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFPE, e Maiara Mota, pesquisadora do Laboratório da Paisagem (UFPE), destacarão o papel da arquitetura na integração com o ambiente natural, explorando soluções baseadas na paisagem.
No eixo dedicado à resiliência urbana, Camila Gomes Santanna (UFBA, BA), doutora em Arquitetura e Urbanismo pela UnB e com ampla experiência internacional, apresentará estratégias para fortalecer a resiliência das cidades frente às mudanças climáticas. Rubens Amaral (UnB, DF), doutor em Arquitetura e Urbanismo, abordará a importância dessas ferramentas para a sustentabilidade urbana, enquanto Adriana Sandre (USP, SP), pesquisadora na área de serviços ecossistêmicos, discutirá como as Soluções Baseadas na Natureza podem transformar cidades brasileiras vulneráveis em espaços mais resilientes.
Além disso, o simpósio será enriquecido por estudos de caso, como o projeto “Membrana Anfíbia”, apresentado por Mila Montezuma (PE), mestre em Gestão Sustentável de Águas Urbanas, que propõe estratégias inovadoras para cidades sujeitas a eventos climáticos extremos, com foco especial em Recife.
O evento também reforçará a importância da formação continuada para arquitetos e urbanistas, garantindo que esses profissionais estejam capacitados para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas, promovendo cidades inclusivas e sustentáveis.
“O exercício profissional desses especialistas precisa ir além das normas e legislações. É preciso adotar princípios éticos que promovam a justiça social e a preservação ambiental, para que possamos construir cidades resilientes e inclusivas, capazes de enfrentar as adversidades climáticas e melhorar a qualidade de vida de todos”, conclui o presidente do CAU-PE.
Serviço
1º Simpósio de Emergências Climáticas em Arquitetura e Urbanismo
Data: 6 de dezembro de 2024
Horário: 8h30 às 17h
Local: Novotel Marina – Rua Santa Rita, 46 – Pier, Recife
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VANESSA DE PAULA BROLLO
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