Setembro é o mês em que a importância dos cuidados com a saúde mental ganha ainda mais notoriedade na população, devido à campanha Setembro Amarelo (da Associação Brasileira de Psiquiatria e do Conselho Federal de Medicina), voltada à prevenção do suicídio.
Embora o assunto ainda seja considerado um tabu na sociedade, a campanha é uma ótima oportunidade para conscientizar a população, fazer com que estes estigmas sejam quebrados e, acima de tudo, estimular que as pessoas busquem e ofereçam ajuda.
Partindo deste princípio de jogar luz sobre este tema-tabu e trazendo sua história de luta pela vida como referência, o escritor e poeta baiano-paranaense aramyz decidiu transformar em poemas a sua luta pessoal contra a depressão que culminou ao extremo de tentativas de suicídio – felizmente frustradas.
E o público poderá ter contato de perto com a história e as emoções de aramyz por meio deste seu novo livro de poesias, Suicídios Diários (Editora Urutau, 100 págs.), que acaba de ser lançado e já vem sendo bem recebido por críticos que tiveram contato com a obra. Alan dos Santos, criador do blog e do perfil no Instagram Deus Ateu, faz o seguinte comentário sobre o livro: “Um magnetismo absurdo. Só quem escreve com o corpo, com a existência e suas dores consegue produzir algo assim. O que seria da literatura se não fosse a dor e a delícia de estar vivo diante da morte?”.
Livro para Comemorar a Vida – Com prefácio da renomada escritora portuguesa Maria Azenha, Suicídios Diários reúne 60 poemas de caráter autobiográfico, que embora tratem de um tema pesado, foram publicados como “um livro para comemorar a vida”, como assim definiu a editora Debora Ribeiro Rendelli.
aramyz revela que, para organizar o livro, resgatou seus poemas escritos nos momentos de crise que, segundo ele, “estavam guardados, trancafiados, escondidos em cadernos, e-mails e gavetas”. Ele destaca que “venho escrevendo desde que tive o primeiro pensamento suicida. Foi um livro construído ao longo da vida, por isso, tão pessoal. Esses poemas foram escritos a cada sobrevivência de uma crise e a decisão de publicar foi exatamente num momento onde se fez necessário falar. Em algum momento ele viria à tona”, analisa o autor.
Conscientização do Público – Para cumprir esta missão de quebrar o tabu e conscientizar o público, Suicídios Diários traz o texto introdutório “porque preciso falar sobre isso”, em que o próprio autor relembra sua trajetória pessoal, incluindo a descoberta de ser portador do transtorno do espectro autista.
“minha vida, minha solidão, minha aversão a barulhos, ambientes agitados, excesso de iluminação, alguns comportamentos que chamam de toc, meu mau humor, aversão a contatos físicos, minha dificuldade de olhar nos olhos das pessoas, minha aversão a letras maiúsculas, seletividade alimentar, minhas depressões, minhas tentativas de suicídio, minhas solidões, meus interesses restritos e repetitivos, meu hiperfoco, alguns comportamentos e falas mal colocadas, que são vistos como falta de empatia. hoje tomo medicação controlada, faço análise, terapia ocupacional, e as ideias de suicídio diminuíram, mas não passaram” – trecho de Suicídios Diários.
Ainda no texto de abertura de seu novo livro, aramyz reforça lições importantes sobre aprendizado e gratidão: “tenho aprendido todos os dias que minha vida é importante, um presente do qual tiro o laço, desembrulho do papel colorido, visto e uso por mais um dia, com todos os altos e baixos, sendo atropelado por estranhas sensações e pensamentos que me doem, tenho aprendido a viver assim, um dia depois do outro, entendendo minhas dores, falando sobre elas, brindando minhas vitórias, convivendo com minhas derrotas e meus fracassos, quero continuar lutando, continuar vivendo, e agradecendo, agradecendo todos os dias”.
Já para a poeta portuguesa Maria Azenha, “esta confrontação com a sombra é um difícil e às vezes trágico duelo entre o poeta e o lado sombrio de si mesmo. aramyz não deixa ninguém indiferente”, define no prefácio de Suicídios Diários. Ela completa ainda, ressaltando que “esse mundo quase ignorado que pode emergir de maneira inesperada e quase sempre inquietante em qualquer poema deste livro”.
Gritos no Abismo – Quando questionado sobre como trabalha esta necessidade de “gritar ao mundo”? aramyz é enfático: “todo grito vem do abismo, acredito que os abismos são lugares sem luz, sem som, os precipícios, as profundezas, quando se atinge esse ponto, ou se desce mais e se enterra na escuridão, ou sobe e grita, eu escolhi gritar”.
Suicídios Diários
Autor: aramyz
Editora: Urutau
Páginas: 100
ISBN: 978-65-5900-706-6
Dimensões: 13cm x 16,5cm
Preço: R$ 50,00
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FAUSTO CABRAL VALENTIN DA SILVA
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